segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os 4 P's (da música pop?)

Um dos principais objetivos da música pop é vender. Pelo menos ao longo das duas últimas décadas (em que eu acompanhei a música pop e posso falar melhor sobre), inúmeras fórmulas e estratégias foram criadas visando atingir o topo da Billboard, quebrar records e gerar lucro. As cantoras solo americanas, por exemplo, fazem uso principalmente da imagem e da publicidade, deixando o produto, muitas vezes, em segundo plano. 

Com o novo álbum da cantora Lady Gaga, Born This Way, lançado na semana passada, novas estratégias de marketing, plenamente adaptadas ao mundo digital, aparecem no horizonte da cultura pop. Acontece que sua gravadora fez um contrato com o site de vendas Amazon, que disponibilizou por um dia o formato digital do álbum de Gaga literalmente a preço de banana: 99 centavos. Estima-se que só nesse site, o álbum tenha vendido 400 mil cópias em uma semana.

A questão é que comprar um cd por 1 real é praticamente a mesma coisa que fazer o download do produto, ainda mais nos Estados Unidos, onde as pessoas tem o hábito de comprar as músicas digitalmente ao invés de baixar (no site de vendas iTunes, uma única música pode vender até mesmo 300 mil cópias por semana). Assim sendo, a equipe de marketing de Gaga bolou um jeito de reverter o quadro da "pirataria" a seu favor, vendendo o produto cerca de 20 vezes mais barato do que o usual (no iTunes, os álbuns são vendidos a cerca de 11 dólares). 

Ou seja, boa parte desses "semi-downloads" passou a contar como cópias vendidas oficialmente. E isso é inegavelmente inteligente, porque, embora não gere lucros consideráveis, contribui para a publicidade e fortalece a imagem da cantora, que supostamente irá vender mais de 1 milhão de cópias em apenas uma semana (algo extremamente raro do mercado da música pop atual). Além disso, o cd está sendo vendido em lugares até então inimagináveis, como a loja de cafés Starbucks. Um trabalho de distribuição e pontos-de-venda, atrevo-me a dizer, nunca antes visto na música pop. Somam-se a tudo isso as letras polêmicas, os videoclipes super-produzidos e os figurinos escandalosos da cantora e, voilá, uma verdadeira aula de marketing. Produto, preço, ponto-de-venda, promoção.

Mas o que eu continuo me perguntando é se existem limites nessa relação da música pop com o marketing. Até onde vai uma gravadora ou um artista na eterna busca do sucesso comercial? Acho que essa é a grande questão.




P.S.: considerem esse post como uma tentativa não-sucedida de fazer algo o mais imparcial possível.