segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Melancolia

Minhas impressões, antes que eu perca o fio da meada e acabe deixando pra lá (pode ter spoilers):

Nunca tinha visto um filme do Lars Von Trier, mas li no blog do Merten sobre os seus personagens que não se encaixavam muito bem na sociedade. Gostei muito da Kirsten Dunst, ela parece ter sido a atriz perfeita para o papel. Achei a cena de abertura, com a câmera lenta e a música clássica, meio Kubrick, mas eu acho tudo meio Kubrick de todo modo. Os simbolismos para mim estão muito claros, mas tem um que ainda não li em nenhum lugar: trata-se da oposição entre melancolia e luto.

Não sou psicóloga, mas isso foi algo que eu vi há alguns dias no Café Filosófico da TV Cultura. Sendo muito simplista, a melancolia é um estado em que não se aceita uma perda, enquanto, no luto, já há essa aceitação. Apesar da personagem Justine apresentar características melancólicas na primeira parte do filme (visto que ela encontra dificuldade em seguir em frente com a sua vida - fato que aparece simbolicamente quando seu cavalo não consegue atravessar uma ponte), na segunda parte, Justine já superou esse estado e finalmente entrou para a fase do luto. Ela está conformada com o fim, até mesmo a obviedade de seu figurino (uma camiseta preta) mostra isso. Paralelamente, sua irmã Claire, que possuía uma vida convencional e perfeitamente formada, passa a ser a personificação da melancolia. Ela não consegue aceitar o fim nem mesmo quando este chega de vez, contaminando o espectador com seu desespero. 

Há muitas outras coisas interessantes para serem pensadas sobre o filme (o planeta Melancolia, a criança, a atitude do pai), mas essa relação da melancolia e do luto entre as duas irmãs foi o que me chamou mais atenção. 

Fora, é claro, a cena final, que,  mesmo com o uso de recursos óbvios (como a trilha sonora que aumenta de intensidade), é marcante, angustiante e dá todo o sentido ao título do filme. É daquelas cenas que valem muito a pena serem vistas no cinema.

(Luto e Melancolia é também um texto de Freud de 1917, que estabeleceu os conceitos utilizados hoje. Trecho aqui.)

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