Acho que ele não gosta muito de dar entrevista e chegou achando que a minha reportagem era pra um veículo impresso, mas foi muito atencioso e a entrevista foi super produtiva. Eu, que achava que o mundo era "Deus no céu e Wilder na terra", fiquei surpresa quando ele disse que na verdade o cineasta dedurava meio mundo na época do McCarthismo. Ninguém é perfeito né (desculpem por essa). Agora fiquei pensando que eu não coloquei isso na reportagem, mas acho que deveria ter colocado.
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domingo, 6 de maio de 2012
Wilder e Villaça
Depois de um ano longe dos bloquinhos de notas, voltei a fazer reportagens no começo de abril. A pauta não poderia ser melhor: Billy Wilder. No fim de março, completaram-se 10 anos desde que ele morreu. Eu já tinha visto dez filmes do Wilder e já sabia o que eu queria destacar, mas claro que eu precisava de uma fonte. Tentei marcar com o Hélio Nascimento, crítico de cultura do JC, mas as agendas não bateram. Por sorte, o Pablo Villaça estava vindo pra Porto Alegre na semana seguinte com o curso de crítica de cinema que ela leva a várias cidades do país. O timing foi perfeito, marquei com ele por email e nos encontramos na Casa de Cultura Mário Quintana.
Acho que ele não gosta muito de dar entrevista e chegou achando que a minha reportagem era pra um veículo impresso, mas foi muito atencioso e a entrevista foi super produtiva. Eu, que achava que o mundo era "Deus no céu e Wilder na terra", fiquei surpresa quando ele disse que na verdade o cineasta dedurava meio mundo na época do McCarthismo. Ninguém é perfeito né (desculpem por essa). Agora fiquei pensando que eu não coloquei isso na reportagem, mas acho que deveria ter colocado.
Acho que ele não gosta muito de dar entrevista e chegou achando que a minha reportagem era pra um veículo impresso, mas foi muito atencioso e a entrevista foi super produtiva. Eu, que achava que o mundo era "Deus no céu e Wilder na terra", fiquei surpresa quando ele disse que na verdade o cineasta dedurava meio mundo na época do McCarthismo. Ninguém é perfeito né (desculpem por essa). Agora fiquei pensando que eu não coloquei isso na reportagem, mas acho que deveria ter colocado.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Melancolia
Minhas impressões, antes que eu perca o fio da meada e acabe deixando pra lá (pode ter spoilers):
Nunca tinha visto um filme do Lars Von Trier, mas li no blog do Merten sobre os seus personagens que não se encaixavam muito bem na sociedade. Gostei muito da Kirsten Dunst, ela parece ter sido a atriz perfeita para o papel. Achei a cena de abertura, com a câmera lenta e a música clássica, meio Kubrick, mas eu acho tudo meio Kubrick de todo modo. Os simbolismos para mim estão muito claros, mas tem um que ainda não li em nenhum lugar: trata-se da oposição entre melancolia e luto.
Não sou psicóloga, mas isso foi algo que eu vi há alguns dias no Café Filosófico da TV Cultura. Sendo muito simplista, a melancolia é um estado em que não se aceita uma perda, enquanto, no luto, já há essa aceitação. Apesar da personagem Justine apresentar características melancólicas na primeira parte do filme (visto que ela encontra dificuldade em seguir em frente com a sua vida - fato que aparece simbolicamente quando seu cavalo não consegue atravessar uma ponte), na segunda parte, Justine já superou esse estado e finalmente entrou para a fase do luto. Ela está conformada com o fim, até mesmo a obviedade de seu figurino (uma camiseta preta) mostra isso. Paralelamente, sua irmã Claire, que possuía uma vida convencional e perfeitamente formada, passa a ser a personificação da melancolia. Ela não consegue aceitar o fim nem mesmo quando este chega de vez, contaminando o espectador com seu desespero.
Há muitas outras coisas interessantes para serem pensadas sobre o filme (o planeta Melancolia, a criança, a atitude do pai), mas essa relação da melancolia e do luto entre as duas irmãs foi o que me chamou mais atenção.
Fora, é claro, a cena final, que, mesmo com o uso de recursos óbvios (como a trilha sonora que aumenta de intensidade), é marcante, angustiante e dá todo o sentido ao título do filme. É daquelas cenas que valem muito a pena serem vistas no cinema.
(Luto e Melancolia é também um texto de Freud de 1917, que estabeleceu os conceitos utilizados hoje. Trecho aqui.)
(Luto e Melancolia é também um texto de Freud de 1917, que estabeleceu os conceitos utilizados hoje. Trecho aqui.)
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Crescimento
Se tem uma palavra que pode definir o fenômeno Harry Potter, essa palavra é crescimento. Em primeiro lugar, porque nós, os fãs (não tenho como fazer um texto com olhar distanciado), crescemos junto com as personagens. Ao longo da década, vimos Harry enfrentando seus medos, descobrindo amores e tendo que lidar com perdas difíceis. Aprendemos junto com ele valores que, embora possam parecer psicologicamente rasos nos livros de JK Rowling, fazem parte de nossa formação. Não há como negar isso quando se fala de Harry Potter. Muito do que somos hoje veio diretamente das personagens.
Tenho a impressão de que isso aconteceu também com os atores principais dos filmes de Harry Potter: Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson. Não deve ser nada fácil viver a infância tendo que, todos os dias, assumir o papel de outra pessoa. Hoje, quando vejo entrevistas dos atores e comparo com suas atuações, vejo muitas semelhanças no jeito de ser da atriz Emma Watson e da personagem Hermione Granger, por exemplo. As personagens também fizeram parte do crescimento deles, e acredito que tenha sido praticamente impossível eles conseguirem separar (por 10 anos!) seu "eu-real" de seu "eu-mágico".
Mas não é só por isso que Harry Potter significa crescimento. É interessante notar também o amadurecimento dos filmes. Se Chris Columbus, o diretor dos dois primeiros (em um total de oito), introduziu o mundo de Harry Potter de forma infantil e pouco criativa, David Yates chegou ao fim impondo seu estilo e finalmente conseguindo transportar as páginas do livros para as telas de cinema com uma certa maturidade cinematográfica. Yates se permitiu, por exemplo, realizar planos longos, em que o silêncio revela mais do que qualquer diálogo, coisa que seria impossível 10 anos antes, quando era exigido da série um ritmo hollywoodiano.
Para isso, Yates contou com a ajuda de ótimas atuações, inclusive de veteranos do cinema britânico. No último filme, Relíquias da Morte, Alan Rickman é, sem dúvidas, o que mais se destacou, representando a personagem mais complexa de toda a série. Ralph Fiennes finalmente conseguiu transmitir um pouco da intensidade do vilão Voldemort tal qual o vimos nas páginas dos livros. Os atores jovens também atingiram seu ápice no final. A partir da direção de Yates, o trio principal (principalmente Emma Watson e Daniel Radcliffe, que não vinham fazendo boas atuações) evoluiu muito. Emma deixou o exagero e soube expressar toda a carga emocional exigida pela personagem com veracidade. Rupert, que já apresentava boas atuações, pôde mostrar aspectos de Rony Weasley que ele ainda não tinha conseguido mostrar por causa do roteiro. Mas foi Daniel quem mais amadureceu. Nunca antes tínhamos visto um mesmo ator por 10 anos representando a mesma personagem, ainda mais em plena fase de crescimento. Se, em Relíquias da Morte, Harry finalmente se tornou um adulto ao ter que carregar um enorme peso nas costas, o mesmo parece ter acontecido a Daniel.
E, embora o final deixe boas impressões, é difícil aceitar essa perda, não apenas porque o fim de Harry Potter significa o fim da infância, mas também porque somos deixados em um momento em que, dentro e fora das salas de cinema, há ainda muito mais o que explorar.
sábado, 23 de abril de 2011
Rapidinhas sobre os últimos filmes vistos
Testemunha de Acusação (Billy Wilder, 1957): Ah,Wilder... sempre com seus roteiros surpreendentes, com sua direção precisa e uma trama cheia de suspense e reviravoltas. Tipo de filme que você acha que já sabe o final, mas descobre que estava muito enganado. Atuações excelentes de Charles Laughton, Tyrone Power e Marlene Dietrich.
Pickpocket (Robert Bresson, 1959): Inspirado em Crime e Castigo, de Dostoiévski, mas nem por isso deixa de ser um filme autoral. Bresson segue o mote de Crime e Castigo, mas faz questão de explicitar suas diferenças ideológicas, como no tema religião. O filme é drama, mas eu o classificaria como documentário sem hesitar, por seu um retrato angustiante e realista de um batedor de carteiras.
Netto Perde Sua Alma (Beto Souza e Tabajara Ruas, 2001): Filme da "escola gaúcha", conta a história do general Antônio de Souza Netto, que lutou na Revolução Farroupilha e na Guerra do Paraguai. Apesar de romantizar o personagem-título, o filme procura mostrar os horrores da guerra e retrata a injustiça cometida aos negros (que receberam a promessa da liberdade, não cumprida). Destaque para a fotografia e para algumas cenas teatrais, como a do desfecho do filme.
Quanto Vale ou é por Quilo? (Sergio Bianchi, 2005): Documentário que utiliza o humor ácido para criticar a hipocrisia presente no terceiro setor. Faz pensar sobre as questões sociais do país, tratadas apenas na superfície. Se Bianchi tinha como objetivo constranger os espectadores, tenho certeza que conseguiu. Ótima analogia com a escravidão.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
terça-feira, 1 de março de 2011
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Top 5 - Billy Wilder
Billy Wilder é meu segundo diretor favorito e a minha admiração por ele só cresce a cada filme que eu vejo! Polêmico, inteligente, corajoso, Wilder tocou em vários assuntos delicados em suas obras e criticou todo mundo, desde a imprensa e a própria classe cinematográfica até a sociedade. Sempre com roteiros muito bem construídos, ele circulou com maestria por vários gêneros. Prova disso é que ele dirigiu a dita "melhor comédia de todos os tempos" e o "filme-síntese do gênero noir". Algumas de suas características marcantes são o uso da narração em off e dos flasbacks e seus protagonistas jornalistas/escritores. Billy Wilder sempre teve a sorte de contar com grandes atuações e produziu clássico após clássico. Eu ainda não conheço toda a obra dele, mas me deu uma dor no coração ter que deixar Sabrina e O Pecado Mora ao Lado fora desse Top 5 (que não é definitivo).
#5 Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950): Apesar de contar o desfecho da história já no início, o diretor consegue prender a atenção do espectador durante todo o filme e faz uma dura crítica ao mundo do cinema através de uma atuação memorável de Gloria Swanson.
#4 Farrapo Humano (The Lost Weekend, 1945): Mais uma vez com o uso inteligente do flashback, Wilder produz uma angustiante e realista história sobre o alcoolismo e a destruição que ele pode causar ao homem, em um filme que, mesmo nos dias de hoje, ainda é forte.
#3 Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944): Pérola dos filmes noir, Pacto de Sangue me deixou algo que eu nunca vou esquecer: a expressão psicótica de Barbara Stanwyck. Ousado e surpreendente para os padrões da época, ainda hoje é melhor que a maioria dos filmes de suspense atuais.
#2 Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959): Mesmo em um filme de comédia, Wilder novamente conseguiu chocar ao colocar 2 travestis na tela do cinema e, mais, mostrar cenas sensuais de Marylin Monroe, além de produzir uma das frases mais célebres do cinema.
#1 A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole, 1951): É o filme mais pessimista (ou seria realista?) de Wilder. Nem os próprios espectadores são poupados da crítica sobre a exploração da desgraça humana. Um ótimo filme que só poderia ter sido feito por um diretor com tanta coragem quanto Billy Wilder.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Reflexões Cinematográficas
Férias é o tempo ideal pra ver filmes. Enquanto me atualizo com os filmes concorrentes ao Oscar, também aproveito pra ver filmes clássicos que ainda não conheço. Gosto de refletir sobre cada filme depois que assisto, principalmente se ele correspondeu às minhas expectativas. Gosto de pensar na mensagem de cada obra e de comparar filmes que tenham ligação. Os últimos que eu vi e escolhi de forma aleatória acabaram se encaixando, dialogando entre si.
Tudo começou com Sonhos (1990), de Akira Kurosawa. Eu já tinha visto esse filme quando criança e, na época, não entendi nada. Trata-se de uma série de curtas-metragens inspirados em sonhos do próprio cineasta. O filme é belíssimo, alterna momentos suaves com críticas ao individualismo, ao descuido com o meio ambiente, à guerra. Um lindo filme, que te deixa extasiado quando termina. O mais impressionante foi a forma como Kurosawa inseriu a própria arte no filme. Além da música e da dança, ele falou também da pintura, no famoso curta sobre Van Gogh. É a arte retratada pela arte.
Em seguida vi Luzes da Cidade (1931), de Chaplin, e me deparei com uma crítica à sociedade e ao sistema de trabalho vigente na época da crise de 1929. Assim como Kurosawa, Chaplin retrata de forma quase poética um tema tão grave. E assim como o final de Sonhos termina nos fazendo sorrir, quase querendo levantar do sofá e dançar junto pela celebração da vida, Luzes da Cidade encerra com um belo e leve sorriso de Chaplin, que nos enche de esperança.
Em O Anjo Exterminador (1962), Luis Buñuel faz uso do surrealismo para fazer sua crítica. Mais uma vez movimentos artísticos são inseridos no próprio cinema. E mais uma vez o onírico se faz presente. Desta vez, a crítica é dirigida à burguesia, através de uma metáfora brilhante do cineasta espanhol, onde membros da elite são impedidos de sair de uma casa e veem suas aparências impecáveis serem reveladas. A mensagem não deixa de ter relação com o filme de Chaplin, que também mostra as diferenças entre o topo e a base da pirâmide.
Por fim, com Metropolis (1927), de Fritz Lang, vi novamente uma corrente artística ser utilizada pelo cinema com maestria. Através do expressionismo alemão, onde o onírico volta a aparecer, Lang também criticou o sistema de classes e de certa forma serviu como um complemento ao filme de Buñuel, já que o austríaco, sem piedade ao espectador, nos faz mergulhar na vida difícil e miserável dos trabalhadores. Metropolis encerra o meu ciclo com um final feliz, porém reflexivo: "o mediador entre a cabeça e as mãos é o coração".
Diferentes nacionalidades, estilos, autores, épocas e gêneros. Mas a mesma mensagem.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Destaque da Semana - Stanley Kubrick
Que palavra usar pra descrever Stanley Kubrick? A mais clichê seja talvez a que melhor descreva o diretor: gênio.
Devo confessar que eu só conheço cinco obras dele, mas só isso me basta pra dizer que ele é um dos meus diretores preferidos (um pouco a frente de Billy Wilder). Kubrick fez poucos filmes, de diferentes gêneros, mas todos os que eu vi até agora chegaram perto da perfeição (e um deles, na minha opinião, chegou a ultrapassar esse limite.) Sem mais enrolação, meu TOP 5 de Kubrick:
#5 Nascido para Matar: O humor negro presente nesse filme é tão fascinante quanto as belas imagens (esteticamente falando) que Kubrick constrói, o que é irônico, visto que o filme retrata a Guerra do Vietnã.
#4 O Iluminado: Eu acabei de ver esse filme. Só não vi antes porque morro de medo de filmes de terror e eu já conhecia o jeito Kubrick de criar atmosferas tensas. As belas cenas, como era de se esperar, e uma maravilhosa atuação de Jack Nicholson valem e muito o medo que eu vou sentir hoje antes de dormir.
#3 Dr. Fantástico: Somente alguns diretores poderiam fazer um filme de comédia sobre um dos maiores medos que pairavam na Guerra Fria (a destruição do planeta por armas nucleares). Somente Kubrick poderia fazer aquele final.
#2 Laranja Mecânica: Foi meu primeiro Kubrick. Acho que nem preciso explicar o tamanho choque e a sensação de estranhamento que me fizeram de cara colocar o diretor num altar.
#1 2001 - Uma Odisseia no Espaço: Ou "o filme mais genial de todos os tempos". Passado, presente e futuro, pautados por reflexões profundas e por imagens silenciosas, amedrontadoras, estonteantes. A maior experiência (não)cinematográfica que eu já vivi.
Vi recentemente também um documentário dirigido por Jan Harlan (Stanley Kubrick: imagens de uma vida), que conta com a participação de Jack Nicholson, Woody Allen, Martin Scorsese, entre outros. Recomendadíssimo pra quem quiser conhecer mais sobre a vida e a obra desse - de novo - gênio.
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