Tenho que fazer uma confissão. Durante os quarto anos em que cursei Publicidade, nunca li um livro sequer sobre o assunto. Nada me atraía, nem sobre design, marketing, criação, planejamento, nada. Por outro lado, os livros de jornalismo sempre me fascinaram. Devo ter lido uns 15 nos últimos dois anos e não era raro eu levar um deles pra ficar lendo em plena aula (de Publicidade). Os professores deviam pensar que eu era uma menina confusa. E era mesmo.
Li manuais de redação, teoria e técnica do jornalismo impresso, jornalismo cultural e até jornalismo investigativo. Também li alguma coisa de jornalismo literário, que chamava a atenção desde os 17 anos. De Gay Talese a Joel Silveira, recomendo todos os que li abaixo:
A Sangue Frio, de Truman Capote: Acompanha até o fim a investigação e o julgamento dos dois assassinos dos quarto membros da família Clutter. Capote trabalhou durante anos nesse caso, produzindo uma reconstituição detalhada do crime e apresentando o ponto-de-vista dos amigos das vítimas e também dos assassinos.
O Inverno da Guerra, de Joel Silveira: Relato do período em que Silveira foi enviado como correspondente do Diário dos Associados à II Guerra Mundial. O livro é bastante informativo sobre o que os pracinhas tiveram que enfrentar na Itália e passa a apresentar um tom lírico mais pro final.
Emboscada no Forte Bragg, de Tom Wolfe: Não é o livro mais famoso de Wolfe, mas é bem interessante, apresentando questões cruciais sobre ética. O livro acompanha uma equipe de telejornal e a falta de escrúpulos ao tentar um furo de reportagem. Também é interessante pra quem se interessa por telejornalismo, mostrando um pouco dos bastidores e do modo-de-fazer de um telejornal.
O Reino e o Poder, de Gay Talese: Livro que conta a história do New York Times minuciosamente, desde sua criação. É um puco cansativo, porque Talese acrescenta também as histórias de vida dos personagens (do alto-escalão, em sua maioria), mas vale a pena pela narração da disputa pelo poder no jornal e em suas sucursais.
Rota 66, de Caco Barcellos: Fruto de uma trabalhosa investigação, Rota 66 desmascara os assassinatos cometidos por um setor da polícia de São Paulo e compartilha os métodos utilizados por Caco para chegar ao resultado final. O livro também narra episódios da vida do jornalista na infância e no exercício da profissão.
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segunda-feira, 12 de março de 2012
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Crescimento
Se tem uma palavra que pode definir o fenômeno Harry Potter, essa palavra é crescimento. Em primeiro lugar, porque nós, os fãs (não tenho como fazer um texto com olhar distanciado), crescemos junto com as personagens. Ao longo da década, vimos Harry enfrentando seus medos, descobrindo amores e tendo que lidar com perdas difíceis. Aprendemos junto com ele valores que, embora possam parecer psicologicamente rasos nos livros de JK Rowling, fazem parte de nossa formação. Não há como negar isso quando se fala de Harry Potter. Muito do que somos hoje veio diretamente das personagens.
Tenho a impressão de que isso aconteceu também com os atores principais dos filmes de Harry Potter: Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson. Não deve ser nada fácil viver a infância tendo que, todos os dias, assumir o papel de outra pessoa. Hoje, quando vejo entrevistas dos atores e comparo com suas atuações, vejo muitas semelhanças no jeito de ser da atriz Emma Watson e da personagem Hermione Granger, por exemplo. As personagens também fizeram parte do crescimento deles, e acredito que tenha sido praticamente impossível eles conseguirem separar (por 10 anos!) seu "eu-real" de seu "eu-mágico".
Mas não é só por isso que Harry Potter significa crescimento. É interessante notar também o amadurecimento dos filmes. Se Chris Columbus, o diretor dos dois primeiros (em um total de oito), introduziu o mundo de Harry Potter de forma infantil e pouco criativa, David Yates chegou ao fim impondo seu estilo e finalmente conseguindo transportar as páginas do livros para as telas de cinema com uma certa maturidade cinematográfica. Yates se permitiu, por exemplo, realizar planos longos, em que o silêncio revela mais do que qualquer diálogo, coisa que seria impossível 10 anos antes, quando era exigido da série um ritmo hollywoodiano.
Para isso, Yates contou com a ajuda de ótimas atuações, inclusive de veteranos do cinema britânico. No último filme, Relíquias da Morte, Alan Rickman é, sem dúvidas, o que mais se destacou, representando a personagem mais complexa de toda a série. Ralph Fiennes finalmente conseguiu transmitir um pouco da intensidade do vilão Voldemort tal qual o vimos nas páginas dos livros. Os atores jovens também atingiram seu ápice no final. A partir da direção de Yates, o trio principal (principalmente Emma Watson e Daniel Radcliffe, que não vinham fazendo boas atuações) evoluiu muito. Emma deixou o exagero e soube expressar toda a carga emocional exigida pela personagem com veracidade. Rupert, que já apresentava boas atuações, pôde mostrar aspectos de Rony Weasley que ele ainda não tinha conseguido mostrar por causa do roteiro. Mas foi Daniel quem mais amadureceu. Nunca antes tínhamos visto um mesmo ator por 10 anos representando a mesma personagem, ainda mais em plena fase de crescimento. Se, em Relíquias da Morte, Harry finalmente se tornou um adulto ao ter que carregar um enorme peso nas costas, o mesmo parece ter acontecido a Daniel.
E, embora o final deixe boas impressões, é difícil aceitar essa perda, não apenas porque o fim de Harry Potter significa o fim da infância, mas também porque somos deixados em um momento em que, dentro e fora das salas de cinema, há ainda muito mais o que explorar.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Balzac e o Jornalista
"Émile era um jornalista que conquistara mais glória sem fazer nada do que outros com seus sucessos. Crítico ousado, cheio de verve e mordacidade, possuía todas as qualidades que seus defeitos comportavam. Franco e brincalhão, dizia abertamente mil epigramas a um amigo que, ausente, ele defendia com coragem e lealdade. Escarnecia de tudo, mesmo de seu futuro. Sempre sem dinheiro, permanecia mergulhado, como todos os homens de alguma importância, numa inexprimível preguiça, lançando um livro numa palavra na cara de pessoas que não sabiam pôr uma palavra nos livros. Pródigo de promessas que nunca realizava, fizera de sua fortuna e de sua glória uma almofada para dormir, correndo assim o risco de despertar velho num asilo. Aliás, amigo até no cadafalso, fanfarrão de cinismo e simples como uma criança, só trabalhava para se divertir ou por necessidade."
A Pele de Onagro, L&PM, edição 2008, pág. 66
Atualmente, mudou alguma coisa?
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Caderno 2 - José Saramago
Reportagem de tributo a José Saramago, exibida no Caderno 2, no dia 25 de junho.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
90 dias, 5 livros
Eu fiz uma lista de 5 livros muito diferentes entre si e pretendo ler até fevereiro ou março de 2011. Será que eu consigo? Essa lista, na verdade, tinha um sexto membro, "A Morte de Ivan Ilitch", do Tolstoi, mas como eu já terminei de ler, ele vai ficar como bônus. Vamos aos livros então:
1. A Pele de Onagro, de Honoré de Balzac: esse é o livro que eu estou lendo atualmente, nunca tinha lido nada de Balzac e me surpreendi muito. Ele faz muitas metáforas, comparações e reflexões, mas sem perder a dinâmica da história, prendendo o leitor a cada linha. Pena que eu já sei o final do livro, graças a um filme exibido esse ano no Festival de Cinema de Gramado (O Último Romance de Balzac, de Geraldo Sarno).
2. O Inverno da Guerra, de Joel Silveira: já li algumas páginas desse (tive que interromper porque no mesmo período eu vi 3 filmes de guerra - Guerra ao Terror, Nascido para Matar e Apocalypse Now - e comecei a ter sonhos ruins). Mas, voltando ao livro, Joel Silveira nos coloca dentro do cenário, nos faz sentir o frio e a ameaça constante que rondava a todos, militares e jornalistas.Vou voltar a ler em breve.
3. O Estranho na Moda, de Silvana Holzmeister: o livro tem como foco os anos 90, e traz várias referências do cinema e da música, além de reflexões sobre a estética e a hibridização de culturas. Prometo uma resenha mais detalhada em breve. Obrigatório pra quem se interessa não apenas pela moda, mas também por cultura.
4. A Sangue Frio, de Truman Capote: acho que esse dispensa apresentações, né? Provavelmente eu não vou conseguir terminar de ler até março, afinal são 400 (densas) páginas, mas não vejo a hora de começar a ler.
5. A Arte de Fazer um Jornal Diário, de Ricardo Noblat: li recentemente "O Que é Ser Jornalista", do Noblat, e gostei bastante, apesar de ele apresentar uma visão romântica da profissão. Esperava encontrar coisa parecida em "A Arte de Fazer um Jornal Diário", mas as primeiras páginas são bem pessimistas e desanimadoras. Nesse livro, Noblat faz um importante alerta aos jornais.
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