sábado, 26 de fevereiro de 2011

Balzac e o Jornalista

"Émile era um jornalista que conquistara mais glória sem fazer nada do que outros com seus sucessos. Crítico ousado, cheio de verve e mordacidade, possuía todas as qualidades que seus defeitos comportavam. Franco e brincalhão, dizia abertamente mil epigramas a um amigo que, ausente, ele defendia com coragem e lealdade. Escarnecia de tudo, mesmo de seu futuro. Sempre sem dinheiro, permanecia mergulhado, como todos os homens de alguma importância, numa inexprimível preguiça, lançando um livro numa palavra na cara de pessoas que não sabiam pôr uma palavra nos livros. Pródigo de promessas que nunca realizava, fizera de sua fortuna e de sua glória uma almofada para dormir, correndo assim o risco de despertar velho num asilo. Aliás, amigo até no cadafalso, fanfarrão de cinismo e simples como uma criança, só trabalhava para se divertir ou por necessidade."

A Pele de Onagro, L&PM, edição 2008, pág. 66


Atualmente, mudou alguma coisa?

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