quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sobre preconceitos e conteúdo


 Será que nesse mundo de hibridizações de hoje em dia, onde nenhuma fronteira é bem definida, é correto classificar tudo como 8 ou 80? Por exemplo, o que é mainstream não possui conteúdo e o que é dito "cult" possui? Não seria um pouco frankfurtiano ignorar a existência de conteúdo (mesmo que mínima) nas formas populares de cultura?

Cito o carnaval como um dos exemplos mais claros. Os desfiles das escolas de samba geralmente apresentam enredos, representados na avenida por fantasias, pela música e pela dança. Esses desfiles são propriamente populares, mas não deixam de ter algum conteúdo. Seus enredos, geralmente, dizem respeito a temas culturais do Brasil e do mundo.

Acho que a atribuição do conteúdo depende da interpretação de cada receptor da mensagem. Alguns podem assistir a Avatar e achar ali uma fábula sobre a importância do meio ambiente, enquanto, ao verem O Anjo Exterminador, não identificam conteúdo algum. Isso significa que o filme de Buñuel é superficial devido ao julgamento de alguns?

E a moda? Ela trata-se apenas de um jogo de tendências e imposições ou podemos ver algo mais em um simples vestido de bolinhas? Assim como a arte, o conteúdo presente na moda é subjetivo, de forma que cada pessoa interpreta as mensagens segundo suas concepções e precedentes.

Acredito que já está na hora de abandonarmos os pré-julgamentos e aceitarmos que existe algo mais além da velha dicotomia pop-erudito. Não existem mais grupos dividos em "fãs de Dostoiévsky" e "fãs de Paulo Coelho". As culturas, cada vez mais híbridas, estão dissolvendo barreiras. As diferenças não deveriam gerar conflitos, mas sim serem respeitadas e, quem sabe, entendidas.

Um comentário:

  1. Tenho uma preguiça monstro de gente que só porque gosta de umas coisas mais cultizinhas se acham superiores intelectualmente que as outras. (você sabe bem do que eu estou falando, já que deve ter muita gente que te acha A FUTIL por adorar britney spears, né? :-))

    Tenho um pouco de pavor também dessa (ainda) separação entre cult e mainstream.

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