sábado, 12 de fevereiro de 2011

Reflexões Cinematográficas

Férias é o tempo ideal pra ver filmes. Enquanto me atualizo com os filmes concorrentes ao Oscar, também aproveito pra ver filmes clássicos que ainda não conheço. Gosto de refletir sobre cada filme depois que assisto, principalmente se ele correspondeu às minhas expectativas. Gosto de pensar na mensagem de cada obra e de comparar filmes que tenham ligação. Os últimos que eu vi e escolhi de forma aleatória acabaram se encaixando, dialogando entre si.

Tudo começou com Sonhos (1990), de Akira Kurosawa. Eu já tinha visto esse filme quando criança e, na época, não entendi nada. Trata-se de uma série de curtas-metragens inspirados em sonhos do próprio cineasta. O filme é belíssimo, alterna momentos suaves com críticas ao individualismo, ao descuido com o meio ambiente, à guerra. Um lindo filme, que te deixa extasiado quando termina. O mais impressionante foi a forma como Kurosawa inseriu a própria arte no filme. Além da música e da dança, ele falou também da pintura, no famoso curta sobre Van Gogh. É a arte retratada pela arte.

Em seguida vi Luzes da Cidade (1931), de Chaplin, e me deparei com uma crítica à sociedade e ao sistema de trabalho vigente na época da crise de 1929. Assim como Kurosawa, Chaplin retrata de forma quase poética um tema tão grave. E assim como o final de Sonhos termina nos fazendo sorrir, quase querendo levantar do sofá e dançar junto pela celebração da vida, Luzes da Cidade encerra com um belo e leve sorriso de Chaplin, que nos enche de esperança.

Em O Anjo Exterminador (1962), Luis Buñuel faz uso do surrealismo para fazer sua crítica. Mais uma vez movimentos artísticos são inseridos no próprio cinema. E mais uma vez o onírico se faz presente. Desta vez, a crítica é dirigida à burguesia, através de uma metáfora brilhante do cineasta espanhol, onde membros da elite são impedidos de sair de uma casa e veem suas aparências impecáveis serem reveladas. A mensagem não deixa de ter relação com o filme de Chaplin, que também mostra as diferenças entre o topo e a base da pirâmide.

Por fim, com Metropolis (1927), de Fritz Lang, vi novamente uma corrente artística ser utilizada pelo cinema com maestria. Através do expressionismo alemão, onde o onírico volta a aparecer, Lang também criticou o sistema de classes e de certa forma serviu como um complemento ao filme de Buñuel, já que o austríaco, sem piedade ao espectador, nos faz mergulhar na vida difícil e miserável dos trabalhadores. Metropolis encerra o meu ciclo com um final feliz, porém reflexivo: "o mediador entre a cabeça e as mãos é o coração".

Diferentes nacionalidades, estilos, autores, épocas e gêneros. Mas a mesma mensagem.

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